À Flor da Pele

terça-feira, dezembro 30, 2008

2008

É com algum receio que se faz o balanço de um ano como este. Este ano teve o melhor e o pior da vida.
Foi o ano em que aprendi a conhecer-me e em que cresci e envelheci o equivalente ao que tinha vivido e envelhecido até aqui. Foi o ano em que decidi não guardar o que sinto dentro de mim, e em que fui desfiando cada dor, cada grito, cada desespero, numa tentativa de purificação interior. Foi o ano da raiva, da dor, da mágoa. Vivida, revivida, repisada. O ano do desgaste.
Mas foi também o ano da nova vida. Gerada neste turbilhão de amargura. Por ironia, nasceu um menino doce, calmo, de olhar vivo e atento. Maravilhoso.

Hoje, penúltimo dia deste ano, anseio, uma vez mais, por um ano novo, novinho. Para estrear. Para fazer dele o que me parecer melhor. Sobretudo, para fazer bem.

A quem por aqui me vai lendo, desejo um Feliz Ano Novo.

quinta-feira, dezembro 04, 2008

Dar à Luz

Volta e meia, a conversa volta... Com as amigas, com a família, com os colegas de trabalho.
Não há nada de mais mágico e maravilhoso do que dar à luz, fazer nascer, trazer ao Mundo. E esta manhã, foi este o pensamento que me acompanhou a caminho do trabalho. Na sorte fantástica que tenho por tê-lo feito duas vezes. E por ter tido a serenidade de querer ser eu a fazê-lo e não uma equipa de cirurgiões, assépticos de emoção.

E tudo isto porque, estando a maioria das minhas amigas em idade fértil, algumas há que tomam à partida a opção que eu não consigo perceber: fazer uma cesariana - ponto final.
Não que seja algum demérito fazer nascer um filho por cesariana, nada disso, afinal de contas ainda bem que a medicina evoluiu e que desta forma conseguem nascer vivos os bebés que de outra forma não nasceriam, mas...optar à partida por uma cesariana...pelo medo da dor. Não sei.
Para além do risco (para mãe e bebé) desta que é, apesar de tudo, uma cirurgia, há o outro lado, o emocional. Sermos protagonistas do nascimento do nosso bebé é transcendental.

Penso muitas vezes neste assunto, sobretudo desde o meu segundo parto, por todo o envolvimento que teve, pela fase conturbada da minha vida, pelas pessoas que me acompanharam durante essas horas. Não vou aqui negar a dor, que se faz sentir senhora de si, mas não posso esquecer a emoção de ter tocado a cabecinha do meu J. ainda dentro do meu ventre, afagando-o pela primeiríssima vez, ainda dentro de mim. Do extâse de o ter guiado na sua passagem para o Mundo, na sua primeira viagem. Há coisas que dificilmente se descrevem e que é um privilégio ter sentido.

E como é bom olhar para eles e dizer: eu trouxe-te ao mundo, fiz-te nascer.

terça-feira, dezembro 02, 2008

Crise de egoísmo

Há dias assim. Acordamos com um humor de cão, muito por culpa dos sonhos que nos ocuparam o sono. Ou os pedaços de sono que um bebé nos permite. Hoje é um destes dias, e tudo me irrita, tudo é mais negro, e não vejo a mínima piada em estarem 2graus lá fora e aí uns -50 aqui dentro, no trabalho! Hoje é dia não, estou mal disposta e isto é tão raro que ninguém sabe como lidar comigo hoje. Azar!

Quem precisa de dar umas caminhadas, de ir a Santiago, sou EU. Quem precisa de estar sózinha para ouvir o que lhe vai na alma sou EU. Quem precisa de ir respirar ar puro para longe sou EU.

Eu, antes de todos os outros. Soa demasiado a obra de ficção, não soa?? Pois soa...