À Flor da Pele

sábado, janeiro 05, 2008

Crescer Ser

Fui há uns dias com a pequenita visitar a Instituição Crescer Ser, de acolhimento de crianças em risco. Levámos brinquedos para os meninos e, para ela, foi uma alegria porque esteve a brincar o tempo todo.
Para mim, foi uma agonia só. Aqueles meninos (como todos, aliás) precisam de muita atenção. Durante o tempo que lá estive, recebi abraços, beijos e milhares de declarações de sonhos que cada um deles tinha e me queria contar. Como se fosse amiga deles desde sempre.
Aqueles meninos estão bem alimentados, bem cuidados, têm roupa e uma casa. Mas do que eles precisam mesmo é de carinho e, sobretudo, de atenção. A vontade que senti ao vir embora foi de os trazer a todos comigo. Sobretudo o D. que sofreu visivelmente todo o tipo de violência e que já teve a sua dose de sofrimento para toda a vida (assim espero).

Para sempre na minha memória, ficará a frase da pequena B. que protagonizou um dos momentos mais marcantes daquela tarde:

B: ela vai contigo para casa? (ela é a minha filha)
Eu: vai
B: porquê? ela é tua filha?
Eu: é
B: que sorte...

Não consegui dizer mais nada, e tive de sair apressadamente, prometendo uma nova visita para breve, para chegar à rua e deixar sair uma lágrima que teimava em descer.

Percebi que o que aqueles meninos querem mesmo não é brinquedos, como infantilmente pensei. Decerto, o tempo em que estive a ouvi-los foi para eles mais precioso do que o saco de brinquedos que lhes deixei.

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